O projeto “Zeméco – o pintor
que pintava com a alma” foi realizado na E. M. E F. Profª Zenir de Souza
Braga, em 2012, nas turmas A e B do 6º ano, somando cinquenta alunos. Trata-se de uma escola pública municipal,
localizada em zona urbana, na cidade do Rio Grande/RS.
A partir de uma
conversa descobri que os alunos não conheciam nenhum artista de seu entorno.
Desta constatação surgiu à ideia de apresentar-lhes um artista da nossa região,
o pintor “Zeméco”, nascido em São José do Norte, cidade separada de Rio Grande,
pelas águas do Canal Miguel da Cunha.
Zeméco sempre
dizia que pintava com a alma, sua frase deu nome ao projeto. Partindo deste tema, surgiram os seguintes
questionamentos: Como a obra de Zeméco poderia levar os alunos a compreender a
arte como fato histórico contextualizado? Como a experiência deste artista e
seu percurso de criação poderiam levar os alunos a refletir sobre seu próprio
processo de criação? Diante do exposto, o objetivo geral deste projeto foi:
Conhecer a obra de Zeméco estabelecendo conexões com a História da Arte. Para que ocorresse este estudo se estabeleceu
os seguintes objetivos específicos: a. Pesquisar a vida e a obra do pintor,
para valorizar a produção artística de sua região, bem como, compreender sua
importância enquanto patrimônio cultural; b. Estabelecer conexões com outros
artistas através de atitudes, experiências relacionadas à sua obra e vida; c.
Pensar sobre o seu próprio processo de criação, a partir da obra do artista em
questão e de outros artistas estudados.
As atividades que
integram o projeto foram constituídas de pesquisas na internet, produção
textual, debates, vídeos, produções artísticas (desenho, fotografia e
computação gráfica), saídas de campo, construção de portfólio. Tais atividades
foram desenvolvidas em 10 aulas de 2 horas cada aula, sendo que a visita à
cidade natal do pintor foi realizada fora do período de aula. Durante todo o
projeto houve apoio da direção e supervisão da escola, provendo meios para a
execução das atividades.
O projeto teve
início com a apreciação do documentário “ Zeméco – Uma Vida de Artes”, que
propiciou conhecer um pouco a respeito da vida e da obra do pintor. Seguido
de pesquisas no blog: http://olharvirtual.blogspot.com, criado e mantido por um
de seus filhos.
Dando
prosseguimento às atividades os alunos puderam analisar algumas de suas obras,
e assim conhecer alguns elementos da composição plástica presentes nas pinturas
do artista, como linha, forma, perspectiva, cor, etc. Os prédios históricos de
São José do Norte, tema da obra do pintor gaúcho, possibilitou a aprendizagem
sobre Patrimônio Histórico Cultural e Tombamento. Dificuldades em relação ao
conteúdo “perspectivas” foram amenizadas, através de saídas de campo, nas
redondezas da escola para realizar desenho de observação.
Paralelo ao
estudo de sua obra foi feito recortes na História da Arte, possibilitando aos
alunos ampliar seu repertório a respeito de artistas clássicos e identificar
pontos em comum entre o pintor e os
mesmos. Estudando sobre o grande pintor Henry Rousseau, puderam identificar
semelhanças entre a história de ambos os pintores, apesar de pertencerem a
períodos históricos distintos, como por exemplo, descobriram que Rousseau era
autodidata, assim como ele, e ampliaram seu vocabulário, pois não sabiam o
significado deste termo.
Descobrimos que
ele tinha um sonho em comum com um dos maiores gênios
da humanidade, Leonardo da Vinci. Ambos sonhavam em voar. O sonho de Leonardo
levou-o a inventar a asa delta e tantas outras criações que vieram a mudar o
mundo. Quando ele nasceu a asa delta já existia, mas suas condições financeiras
não permitiam realizar seu sonho. Seu espírito criador levou-o aos quatorze
anos, criar “asas” para voar, mas o resultado foi a perna e o braço fraturados.
Após conhecer alguns inventos de Da Vinci, os alunos
puderam instigar sua criatividade elaborando projetos de “Invenção”. Com estas
atividades aprenderam a elaborar projetos e a estruturá-los metodologicamente.
Uma das
atividades mais motivadoras e de grande aprendizagem do projeto foi visitar São
José do Norte, a cidade onde Zeméco nasceu e morou praticamente toda a sua
vida. Fomos recebidos pela viúva do pintor, a senhora Hildete, que guiou-nos
pela pacata cidade. Apresentou-nos os prédios retratados por seu marido, e
presenteou-nos intelectualmente com as histórias de cada construção. Os alunos
puderam aprender um pouco sobre a história do município vizinho, em seus
registros, podemos ler: “visitamos a
biblioteca, que tinha alguns quadros de Zeméco”, “fomos à igreja de São José,
para mim uma das mais belas igrejas que já fui”, “podemos conhecer a escola em
que ele estudou”. Encantados com os prédios da cidade, pudemos compreender
a paixão do pintor pela sua “musa inspiradora”, como ele próprio referia-se a
sua cidade. E principalmente, valorizar a produção artística presente no
entorno, como escreveu uma das alunas “gostei
de saber que a obra dele é patrimônio da cidade”.
Por fim, os
alunos foram motivados a criar sua própria produção plástica, assim, puderam
entender melhor o processo da criação artística pessoal. Recorreram aos
conteúdos estudados: Desenho, Fotografia, Patrimônio Histórico Cultural,
Elementos da Composição Plástica. Fotografaram suas produções e as enviaram ao
computador, para posterior manipulação através da computação gráfica (arte
contemporânea).
O processo de
avaliação ocorreu durante toda a trajetória do projeto, através das pesquisas
realizadas e socializadas, das discussões, das produções textuais, das
composições plásticas e dos registros do portfólio.
Ao concluir este
trabalho fica a satisfação de ver o repertório artístico cultural dos alunos
ampliados. Este projeto trouxe a luz um artista local desconhecido
mundialmente, mas cuja obra tem grande valor cultural para uma comunidade, pois
sua história ficará imortalizada através do olhar sensível de seu amado pintor
Zeméco.